| "O Tribunal de Familia e Menores do Porto, conforme lido no acórdão, deu por provado que três dos acusados visitavam com frequência Gisberta, sendo que um deles conhecia a vítima desde os cinco anos, e muitas vezes auxiliavam a transsexual com bens alimentares. Entre Janeiro e Fevereiro, data dos factos, estes três menores terão comentado com os colegas que 'Gisberta era um homem que parecia mulher', tendo estes querido então conhecer a vítima. A 15 de Fevereiro, leu-se, a situação 'descambou e começaram a dar porrada'. Segundo o acórdão 'todos agrediram a murro e pontapé. Um deles na confusão queria que Gisberta baixasse as calças para ver se era homem ou mulher'. No dia seguinte, no parque de estacionamento do edificio inacabado do Campo 24 de Agosto, os jovens voltaram e 'perguntaram se precisava de ajuda', tendo voltado a dar porrada e destruído a cabana feita de barrotes onde dormia Gisberta. Os maus-tratos prosseguiram nos dois dias seguintes, sendo que a 19 de Fevereiro Gisberta já quase não falava. Já no domingo, 21 de Fevereiro, ao aperceber-se que a vítima estava inanimada, os acusados 'achavam que precisava de um funeral'. Segundo o tribunal, como não possuiam os instrumentos necessários para enterrar pensaram em queimar o corpo, o que não acabou por acontecer por recearem atrair atenções e serem culpabilizados. No dia seguinte voltaram ao local e três decidiram atirar o corpo para um poço com os barrotes."
O Primeiro de Janeiro
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