| "Mário Quintana ficou conhecido pela genial simplicidade de seus textos. É considerado um dos maiores poetas brasileiros do século 20, integrante da segunda geração do Movimento Modernista. Filho do farmacêutico Celso de Oliveira Quintana e da dona de casa Virgínia de Miranda Quintana, o poeta e escritor nasceu no dia 30 de julho de 1906, em Alegrete, cidade do Rio Grande do Sul.
Mario Quintana, que trabalhou quase toda sua vida como jornalista, escreveu 36 livros em português, além de dois em espanhol e teve poemas publicados em várias antologias no Brasil e no exterior. O estilo dos seus poemas é marcado pela ironia, profundidade e perfeição técnica. Traduziu mais de 130 obras da literatura universal, entre elas Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, Mrs Dalloway, de Virginia Woolf, Palavras e Sangue, de Giovanni Papini, Os Proscritos, de Honoré de Balzac, e Biombo Chinês, de Maugham Somerset.
Em 1919, matriculado no Colégio Militar de Porto Alegre, em regime de internato, começou a produzir seus primeiros trabalhos, que foram publicados na revista Hyloea, órgão da Sociedade Cívica e Literária dos alunos do Colégio. Em 1929, começou a trabalhar na redação do diário “O Estado do Rio Grande”. No ano seguinte, a 'Revista do Globo' e o 'Correio do Povo' publicaram seus poemas.
Durante a Revolução de 30, defendeu Getúlio Vargas e foi um dos gaúchos a se alistar como voluntário no Batalhão dos Caçadores, uma das tropas civis que foi a pé até o Rio de Janeiro para conduzir Getúlio Vargas ao poder. Morou no Rio por seis meses e voltou, então, para Porto Alegre, de onde nunca mais saiu.
O lançamento do seu primeiro livro só aconteceu em 1940, com a publicação de A Rua dos Cataventos, obra formada por 35 sonetos que passaram a ser publicados em diversos livros escolares. Apesar da boa aceitação pela crítica, o reconhecimento do seu trabalho como escritor só chegou três anos depois com O aprendiz de feiticeiro, que recebeu elogios de grandes poetas brasileiros, como Manuel Bandeira e Carlos Drummond de Andrade.
Em 1966, ao completar 60 anos, teve publicada sua Antologia Poética, com 60 poemas inéditos, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos. Recebeu ainda homenagem na Academia Brasileira de Letras de Augusto Meyer e Manuel Bandeira, que recitaram um poema de sua autoria: Quintanares.
O poeta tentou por três vezes obter uma vaga na Academia Brasileira de Letras, mas não foi eleito. Ao ser convidado a candidatar-se uma quarta vez, e mesmo com a promessa de unanimidade em torno de seu nome, recusou e disse: '[A Academia] Só atrapalha a criatividade. O camarada lá vive sob pressões para dar voto, discurso para celebridade. É pena que a casa fundada por Machado de Assis esteja hoje tão politizada. Só dá ministro'.
Também aos 60 anos, ganhou o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores de melhor livro do ano. Em 1976, ao completar 70 anos, recebeu a medalha Negrinho do Pastoreio do Governo do Rio Grande do Sul. Em 1980, levou o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra e, em 1981, ganhou o Prêmio Jabuti de Personalidade Literária do Ano.
Quintana não se casou nem teve filhos. Solitário, viveu grande parte da vida em pensões e hotéis, principalmente o Hotel Majestic, de Porto Alegre que, em 1982, foi tombado como marco arquitetônico de Porto Alegre. Um ano depois, o Governo do Rio Grande do Sul comprou o prédio do hotel e transformou-o na Casa de Cultura Mario Quintana.
O poeta morreu em 5 de maio de 1994, próximo de seus 87 anos, em Porto Alegre.
Suas obras principais são: A Rua dos Cataventos (1940), Canções (1945), Sapato Florido (1947), Espelho Mágico (1948), O Aprendiz de Feiticeiro (1950), Poesias (1962), Pé de Pilão (1968), Apontamentos de História Sobrenatural (1976), Quintanares (1976), Nova Antologia Poética (1982), Batalhão das Letras (1984), Baú de Espantos (1986), Preparativos de Viagem (1987) e Velório sem Defunto (1990)."
Feira Nacional do Livro de Ribeirão Preto |